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Da periferia ao poder: a jornada de uma mulher preta que conquistou o poder no Rio de Janeiro

  • Foto do escritor: Rafaela Grande
    Rafaela Grande
  • 1 de jun.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 5 de jun.

Mãe, ativista e representante da periferia, rompendo barreiras e inspirando mudanças na política carioca


Ao conversar com Thais Ferreira, mulher preta, cria de Vaz Lobo, mãe de quatro meninos e vereadora do Rio de Janeiro, conheci um pouco de sua história e trajetória. Thais também é uma das oito mulheres negras a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal e a primeira a levar a maternidade para o centro da política. Ela é pesquisadora de formação, especialista em saúde pública com atuação em políticas de infância, maternidade e combate às desigualdades. Antes de estar na política institucional, ela atuou por anos como liderança comunitária, em especial nas áreas de saúde, educação, cultura e direitos das mulheres, crianças e adolescentes. Fundou o projeto Mãe & Mais, que nasceu para dar suporte às mães e crianças periféricas que não têm apoio do Estado. “A minha caminhada até aqui é coletiva, feita com e para o povo”, afirma.


Mulher chega ao poder
Vereadora Thais Ferreira. Foto. Michael Moraes

Thais foi eleita em 2020 e reeleita em 2024, representando mães, mulheres negras, juventudes periféricas e todos que acreditam que política se faz com afeto, justiça e coragem. A campanha foi feita com o pé no chão, com rede de apoio popular e muita escuta. Atualmente, ela está à frente de projetos que tratam de temas estruturantes como a Política Municipal do Cuidado; o programa de "caminhabilidade" segura para idosos, pessoas com deficiência, mulheres e crianças nas ruas do Rio; a implementação do Estatuto da Igualdade Racial; campanhas contra a exploração digital e pela justiça digital, além de iniciativas de enfrentamento à fome, racismo obstétrico e exclusão escolar.


Na minha opinião, a mudança começa com a escuta, com a coragem de colocar as mulheres, sobretudo negras, no centro da construção política. A gente precisa de representatividade com decisão, mulheres que não apenas apareçam na foto, mas que assinem projetos, decidam políticas, executem orçamentos. Sem essa virada, continuamos sendo as mais violentadas, sobrecarregadas e silenciadas”, completa a vereadora.

Thais costuma dizer que sua existência na política já é um ato de ruptura. Quando uma mulher negra, jovem e mãe ocupa esse lugar, abre caminho para muitas outras. Seu trabalho é pautado pelo cotidiano das mulheres que criam filhos, trabalham, sonham, adoecem e resistem. Ser mãe e vereadora é mostrar que o cuidado também é pauta política.


A posição da atual vereadora é de confronto, denúncia e construção de outras possibilidades. Uma sociedade machista é uma sociedade doente, que normaliza o abandono paterno, a violência contra mulheres e a exclusão das mães. E ela está com toda sua equipe, para transformar isso. Não tem como haver democracia de verdade sem combater o machismo nas estruturas.


Finalizando a conversa, Thais deixa como sugestão a transformação do cuidado em política pública prioritária com investimento, com creche para todas as crianças, com licença parental compartilhada, com renda digna para mães solo. E mais do que isso, precisamos mudar a cultura do abandono, cobrar dos homens, envolver toda a sociedade na corresponsabilidade pelo cuidado. Não dá mais para aceitar que cuidar de criança ou da casa seja um problema privado das mulheres. Cuidado é um dever coletivo!


Rafaela Grande

Fotos: Michael Magalhães e Guilherme Moraes


vereadora Thais Ferreira
Thais Ferreira. Foto. Guilherme Moraes


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