top of page

Marcelle Oliver transforma o Alfa Bar em palco de arte antirracista no Rio

  • Foto do escritor: Ana Soáres
    Ana Soáres
  • há 6 dias
  • 3 min de leitura

Boulevard Olímpico, um espaço conhecido pelo calor dos encontros, pela música pulsante e pela boemia carioca, se prepara para dar um passo adiante. O Al Farabi — ou Alfa Bar, como o público gosta de chamar — deixará de ser apenas cenário de celebrações culturais para se tornar palco de uma conversa urgente: como inserir práticas antirracistas no dia a dia, dentro e fora das nossas relações?

Inserindo práticas antirracistas no cotidiano
Avança Nega

No próximo 21 de agosto, o bar abrirá as portas para o ciclo formativo “Inserindo práticas antirracistas no cotidiano”, conduzido pela educadora social, escritora e ativista Marcelle Oliver, fundadora do Instituto Avança Nega. Será um mergulho profundo em reflexões que atravessam a vida de todos nós, mesmo quando fingimos não ver.

Dois encontros, um mesmo propósito

O ciclo terá duas frentes distintas, mas complementares:

  • Para a equipe interna do Alfa Bar: uma roda de diálogo sobre relações de trabalho, atendimento respeitoso e inclusão. Porque não basta atender bem o público: é preciso garantir que cada trabalhador e trabalhadora se reconheça em um espaço digno, justo e plural.

  • Para o público geral: um encontro aberto sobre racismo estrutural, racismo recreativo, injúria racial x racismo e o papel das mulheres negras na transformação social. É um convite para desaprender velhos hábitos e, sobretudo, reaprender novas práticas de convivência.

O antirracismo não é um discurso de ocasião. É prática, é gesto cotidiano. Quando um bar decide assumir esse compromisso, ele cria não só um espaço cultural, mas um território político de transformação”, disse Marcelle Oliver à Pàhnorama.

Educação visual nas paredes do Alfa Bar

Marcelle Oliver - Créditos: Levi
Marcelle Oliver - Créditos: Levi

A iniciativa vai além da roda de conversa. O Al Farabi lançará uma série de cartazes educativos antirracistas, que ocuparão as paredes do bar com mensagens diretas e provocações visuais. Serão lembretes permanentes de que cada cliente, cada show, cada brinde precisa estar atravessado por respeito e equidade.

A curadoria da ação leva a assinatura de Luciane Dias, comunicadora e mentora que tem se dedicado a transformar espaços culturais em territórios de afeto, reparação e potência.

“É simbólico que um bar no centro do Rio, tão frequentado por jovens criativos, assuma para si a missão de educar e provocar. A luta antirracista não pode ser episódica, precisa ser vivida nos lugares que a gente ama e frequenta”, afirma Luciane.

Dados que não podem ser ignorados

Para entender a potência desse gesto, basta lembrar: segundo o Atlas da Violência 2024, 77% das vítimas de homicídio no Brasil são pessoas negras. No mercado de trabalho, dados do IBGE (PNAD Contínua, 2023) mostram que trabalhadores pretos e pardos recebem, em média, 40% menos que brancos em funções equivalentes.

Marcelle Oliver - Arquivo pessoal
Marcelle Oliver - Arquivo pessoal

O racismo estrutural, tão presente nos índices, também se manifesta no lazer — seja na recusa de entrada em bares e casas noturnas, seja no atendimento desigual a clientes negros.

Nesse sentido, a ação do Alfa Bar carrega um valor simbólico: não basta acolher a diversidade na plateia, é preciso combater o racismo no balcão, no palco e nas relações cotidianas.

Serviço

21 de agosto de 2025

Al Farabi (Rua do Mercado, 34 – Boulevard Olímpico, Rio de Janeiro)

Inscrições gratuitas, com vagas limitadas.

Haverá certificado, material de apoio e recursos visuais durante os encontros.

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page