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Pacto das Pretas: o futuro será com elas

  • Foto do escritor: Da redação
    Da redação
  • 25 de jun.
  • 4 min de leitura

Festival chega ao Rio com protagonismo negro, mulheres que movem estruturas e um recado claro: equidade racial não é tendência, é urgência.

Pacto das Pretas
Divulgação

"Se não nos deixarem sonhar, não os deixaremos dormir." A frase, grafitada num muro de Salvador, poderia muito bem ser a epígrafe da primeira edição do Festival Pacto das Pretas no Rio de Janeiro, marcada para 21 de julho de 2025, no Teatro Nelson Rodrigues, centro simbólico de uma cidade onde as contradições sociais são quase tão antigas quanto a própria fundação. Dessa vez, porém, quem toma o centro da cena são elas: mulheres negras, líderes, artistas, pensadoras e trabalhadoras, que seguem fazendo do Brasil um lugar mais justo — mesmo quando o país ainda insiste em não reconhecer isso.

Quando elas chegam, não pedem licença

Com o tema "Mulheres negras na economia: oportunidades e desafios para a equidade no mercado", o Pacto das Pretas aterrissará pela primeira vez em terras fluminenses como parte da programação nacional da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial. Mais do que um fórum, será uma convocação pública à transformação de estruturas historicamente excludentes. Não por acaso, o evento será gratuito, com ingressos disponíveis pela plataforma Sympla — uma estratégia que, além de democrática, ecoa o lema da própria causa: inclusão com permanência.

"A gente não quer mais só estar presente. Queremos decidir. Queremos empreender, liderar, ocupar espaço. E isso passa pela economia", afirma Wânia Sant’Anna, presidente do conselho consultivo do Pacto, historiadora e referência nacional em direitos humanos.

Protagonismo não é performance. É projeto político.

A programação é robusta e afetiva. Isabel Fillardis, atriz, cantora e embaixadora do Pacto, receberá o público ao lado de Wânia, abrindo os trabalhos com uma saudação que será, também, um abraço coletivo. Logo depois, um dos momentos mais aguardados: aula magna com a deputada Benedita da Silva, símbolo vivo da luta por justiça racial e de gênero no Brasil. Ao longo do dia, nomes como Luciana Barreto, Grazi Mendes, Matriarcas do Samba, Jongo de Tamandaré e Lilia Valeska vão conduzir conversas, intervenções artísticas e vivências sobre temas urgentes: empreendedorismo negro, saúde da mulher negra, políticas públicas afirmativas, inclusão corporativa e economia criativa.

Negócios com alma preta

Uma das grandes novidades da edição carioca será a feira de empreendedoras negras, que ocupará o foyer do teatro durante todo o dia. Mais que vitrine de produtos, será espaço de potência econômica, conexão comunitária e afirmação identitária.

"É um dos momentos mais emocionantes para mim. Cada marca que estará ali carrega uma história de superação, resiliência e inovação. Estamos falando de um Brasil que se movimenta — e se movimenta com criatividade e coragem", comenta Grazi Mendes, nova embaixadora da edição 2025, especialista em diversidade e cultura organizacional.

Quando o Brasil vai parar de tratar a equidade como concessão?

Segundo o IBGE (2023), mulheres negras representam 27% da população brasileira, mas ainda recebem 44% a menos que homens brancos. Em cargos de liderança no setor privado, menos de 1% é ocupado por esse grupo. Os números não chocam mais. O que choca — e deveria incomodar — é a naturalização dessa realidade.

Para a jornalista Luciana Barreto, que esteve à frente da edição anterior, a questão é clara:

Não estamos falando apenas de representatividade. Estamos falando de sobrevivência, de legado, de políticas que mudam vidas. A equidade racial precisa sair dos discursos e entrar nos orçamentos, nos conselhos administrativos, nas decisões estratégicas.”

Pacto das Pretas é afeto, é presença e é futuro

Com patrocínio de empresas como Banco do Brasil, Ambev, Vivo, Ifood, L’Oréal, e apoio de instituições como SESI, SEBRAE, ABI, FIRJAN, Prefeitura e Governo do Estado do Rio, o festival carrega uma responsabilidade grande: mostrar que o Brasil só será sustentável quando for antirracista.

A escolha da data — mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25/07) — reforça o simbolismo e a força coletiva do encontro. O que está em jogo não é apenas dar palco, mas garantir estrutura, financiamento e permanência.

A equidade não será televisionada — será vivida

O Festival Pacto das Pretas não promete respostas fáceis. Promete caminhos. Promete escuta. Promete novas alianças. E, sobretudo, promete dizer em alto e bom som: ninguém solta a mão de ninguém, desde que as mãos negras sejam vistas, lembradas, valorizadas e respeitadas.

Que país queremos construir quando uma mulher negra sobe ao palco com uma ideia na cabeça, um tambor no coração e um plano de futuro na ponta da língua?
Serviço | Fórum Pacto das Pretas – Rio de Janeiro

Local: Teatro Nelson Rodrigues – Avenida República do Paraguai, 300 – Centro, Rio de Janeiro – RJ

Data: 21 de julho

Horário: das 8h às 18h

Ingressos: Entrada gratuita: Link; é necessário retirar ingresso no Sympla ou na recepção do evento, sujeito à disponibilidade para o dia.

Saiba mais: Link

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