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Projeto "Fruta do pé", um espaço de resistência e nacionalismo negro

  • Foto do escritor: Marcele Oliver
    Marcele Oliver
  • 22 de jan.
  • 2 min de leitura

A Zona Oeste do Rio de Janeiro, a famosa Z.O., é o espaço geográfico com maior concentração de pessoas pretas na cidade. Consequentemente, também abriga importantes pontos culturais cuja prioridade é preservar a memória ancestral e garantir que as tradições e os saberes africanos sejam mantidos e respeitados, ainda que com resistência. Hoje, quero apresentar a vocês o projeto “Fruta do Pé”, um espaço preto que promove conscientização através do samba e da educação. Como todo quilombo, a proposta é criar um ambiente de respeito, acolhimento e, claro, muito afeto.

Projeto "Fruta do pé"
Arquivo pessoal/Breno Batista

Mas, afinal, o que é Nacionalismo Negro?

O nacionalismo negro reflete a ideia de que, em sociedades racializadas, pessoas de diversas ascendências africanas são frequentemente tratadas como um único grupo racial, étnico e cultural. Esse conceito se alinha à luta por autonomia política, cultural e econômica.

Em conversa com o fundador do projeto, Breno Batista, conhecido como “Breno Bené”, ele compartilhou um pouco da história e da importância do “Fruta do Pé”, localizado no bairro de Inhoaíba.

Projeto "Fruta do pé"
Arquivo pessoal/Breno Batista

Como e quando surgiu o projeto e a ideia do nome?

Breno: O “Fruta do Pé” surgiu em 2017, inicialmente visando criar uma Escola de Samba. A partir dessa ideia, decidimos ampliar sua função social e nasceu o CCN Fruta do Pé (Centro de Cultura Negra Fruta do Pé). O samba sempre fez parte da minha família. Venho de uma linhagem de músicos, e meus familiares são quem mantêm esse espaço de pé, cada um contribuindo com uma função. A roda de samba acontece no quintal da minha casa, já que isso já era uma tradição familiar. O nome é uma homenagem a um trecho da música “Oitava Cor” (composição de Luis Carlos da Vila, Sombra e Sombrinha).

Além do samba, o “Fruta do Pé” também funciona como um espaço socioeducativo. Como isso acontece?

Breno: Nosso espaço funciona como uma escola de música e um centro de pesquisas. O objetivo é criar um ambiente de ensino e construção de conhecimento. Nosso plano futuro é transformar o projeto em uma escola infantil.

Você acredita que o “Fruta do Pé” ressignificou o olhar negativo para o bairro de Inhoaíba?

Breno: Meu bairro tem uma relação muito forte com as religiões de matrizes africanas. Antigamente, aqui acontecia uma das maiores festas pretas do Rio de Janeiro. A presença da cultura negra no bairro nunca foi novidade. No entanto, infelizmente, muitos ainda associam o bairro à violência ou reclamam da distância. Apesar disso, tenho visto mudanças. Hoje, recebemos pessoas de várias partes do Rio e até de fora da cidade.

Para finalizar, pode nos dar dois motivos para quem ainda não conhece vir visitar o projeto “Fruta do Pé”?

Breno: Primeiro, porque é um espaço pensado cuidadosamente para pessoas pretas. Segundo, porque somos a única roda de samba que traz a ideia do “Nacionalismo Negro”. Não afirmamos o samba como um movimento exclusivamente brasileiro, mas sim como uma manifestação africana. Nosso objetivo é promover uma autonomia política, cultural e econômica para a comunidade negra.

Projeto "Fruta do pé"
Arquivo pessoal/Breno Batista

O “Fruta do Pé” é um convite para vivenciar a força da cultura negra, o acolhimento do samba e o poder da educação. Conhecer Inhoaíba é redescobrir as raízes africanas que sustentam o Rio de Janeiro.

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